O bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, afirma ainda no programa Grande Entrevista da RTP, a ser transmitido hoje, que algumas detenções realizadas no decurso do processo Casa Pia visaram «decapitar o Partido Socialista»
Entrevistado por Judite de Sousa, Marinho Pinto considerou que tais acções foram orientadas nesse sentido pela Polícia Judiciária (PJ).
O bastonário mostrou-se muito crítico em relação ao processo Casa Pia, dizendo, segundo o site da RTP: «Acusou-se impunemente. Prendeu-se impunemente pessoas que estavam inocentes. Mal chegaram à presença de um juiz foram imediatamente exculpados».
«Aquilo visou decapitar o Partido Socialista (PS), não tenho dúvidas nenhumas. Aquilo esfrangalhou a direcção do Partido Socialista», acrescentou.
Em sua opinião, as detenções foram orientadas politicamente pela Polícia Judiciária, alegando: «Foi orientado nesse sentido. Até ao líder do PS lançaram-se suspeitas».
in “SOL” - 31/01/2008
Não só quando estamos sós, a solidão é
Tudo o que nos resta.
Quando somos muitos,
Num convívio, num meeting, numa festa,
E nada nos prende, nada se troca sem darmos,
A solidão é, ainda mais,
Tudo o que nos resta.
A vida, assim, não presta, não é nada.
É uma vida parada.
Existir, sim, mas também viver, ser gente.
Dar vida a quem não tem um jardim,
De repente,
É urgente!
Manuel M. Oliveira
…
Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.
…
Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.
…
Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.
…
Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada ano.
Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.
Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.
…
Manuel Alegre
“ Poemarma ” dito por Mário Viegas
Toda e qualquer grande reforma tem custos. Quando se trata de modernizar, tornar mais eficaz e, sobretudo, digno um sistema como o de saúde, esses custos ganham uma visibilidade sem par. É o que está a acontecer com as sucessivas polémicas em redor do fecho de urgências, maternidades, SAP e emergências. A comissão que estudou a reorganização dos serviços e o Ministério da Saúde, que está a implementar as mudanças, cometeram vários erros. Não levaram em linha de conta a logística local dos cuidados de saúde, tão importantes nos equilíbrios regionais das populações, e ignoraram a segurança, muitas vezes meramente psicológica, de ter um médico ao pé, ainda que sirva apenas para reencaminhar ou ouvir. Bastava ter acautelado um serviço intermédio, durante a transição, que amortecesse o choque da mudança. E todos estariam a aplaudir uma reforma urgente, essencial e que só peca por chegar tão tarde.
Filomena Martins
in “Global Notícias”
de 29/01/2008
Uma grande mulher
O Centro de Documentação e de Publicações da Fundação Cuidar O Futuro, uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, da qual Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004) foi a primeira Presidente, colocou na Internet o acervo documental, mais de 10 mil documentos e 400 fotografias daquela que foi a primeira e única mulher que chefiou um Governo em Portugal - Primeira Ministra entre 1979-1980.
O arquivo, que só poderá ser consultado na íntegra na sede da fundação, «ilustra com documentos históricos específicos as etapas da vida» de Maria de Lourdes Pintasilgo.
Este projecto teve o apoio do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento e a cooperação da Fundação Mário Soares que digitalizou a documentação.
Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.
Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.
Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.
Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.
Manuel Alegre
Música: José Niza
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu Inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena
Era de minha mãe: é um pobre xale,
Que tem p’ra mim uma carícia de asa.
Vou-lhe pedir ainda que me fale
da que ele agasalhou em nossa casa.
Na sua trama, já puída e lassa,
Deixo os meus dedos p’ra senti-la ainda;
E Ela vem, é Ela que me abraça,
Fala de coisas que a saudade alinda.
É a minha mãe mais perto, mais pertinho,
Que eu sinto quando toco o velho xale,
Que guarda não sei quê do seu carinho.
E quando a vida mais me dói, no escuro,
Sinto ao tocá-la como alguém que embale
E beije a minha sede de amor puro.
António Patrício
in “Poesias”
Ah! Como eu recordo aquela linda madrugada,
Aqueles dias tão cheios de sol seguidos,
Aquelas horas, poucas, do primeiro Abril,
Cumprindo-nos Homens, sendo gente !...
Ah ! Esse ontem quero que seja sempre hoje !
Manuel M. Oliveira
Não sou poeta, não !
Vagueio à procura da poesia,
Sou o pensamento que desperta
No anseio da maresia em que se vive
A forma do Eu ser livre!
Não sou poeta, não !
Se disseram que o sou, enganam-se.
Poesia ? Não consigo !
Mas sigo o seu caminho,
Bebo o vinho das palavras que escrevo,
Pois ela é a minha evasão !
Não sou poeta, não !
Manuel M. Oliveira
Embriagados,
Pelos cartazes das esquinas,
Pelos cartazes das esquinas,
Pelos slogans,
Pelos slogans,
Pelos reclames televisivos,
Pelos reclames televisivos,
“Temos que viver com aquilo que temos!...”
E o que temos?
Estamos nus e gramámos!...
“Beba Pepsi-Cola, a alegria de viver!”
Bebemos, e a alegria?
Temos sede e suicidámo-nos!...
Manuel M. Oliveira
Cavalo à Solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
FERNANDO TORDO
“O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos.”
Fernando Pessoa
Se sou mais veloz que o Concorde,
é porque te amo
Se sou mais certo que o Big Ben,
é porque te amo
Se a minha alma cintila como as estrelas,
é porque te amo
Se o meu sangue corre quente nas veias,
é porque te amo
Se zumbo como uma abelha ébria de mel,
é porque te amo
Se o meu coração dá voltas como um volante louco,
é porque te amo
E, porque te amo,
quero fazer contigo
o que a Primavera faz com as cerejeiras !
Manuel M. Oliveira
Iniciamos a 2ª edição do 2 Dedos de Prosa e Poesia transcrevendo o texto do Editorial da 1ª edição, postado há três anos. Os textos seguintes são uma mão cheia de posts que consideramos os mais significativos publicados ao longo desse periodo.
"Queremos dar dois dedos de prosa e poesia para estar a dois dedos de vocês, e porque pensamos ter dedo para pôr o dedo na ferida sem meter os dedos pelos olhos."
2Dedos
P.S.:
Dar dois dedos de conversa: conversar um pouco
Estar a dois dedos: estar muito perto
Ter dedo para alguma coisa: ter habilidade ou jeito
Pôr o dedo na ferida: mostrar, tocar o ponto fraco
Meter os dedos pelos olhos a alguém: obrigar alguém a ver e a julgar de certa maneira
para não sermos dúbios
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