As "tias" que andam pelo social e saltam de festa em festa emprestando a sua presença para que o dono da casa pareça estar "in" cobram por isso e, no "meio", chama-se a esse tipo de actividade uma "aparição".
Aparecer ali ou acolá custa dinheiro. A vida tem destas desigualdades e injustiças. Há quem se esfarrape toda a vida, cumpra com os seus deveres religiosamente e não consiga passar da cepa torta. Mas uma "tia" bem "apessoada" consegue sempre safar-se se quiser alinhar neste esquema das "aparições". Há umas quantas que, não tendo onde cair mortas, emprestam o seu corpinho a esta ou aquela loja para fazerem de cabide, isto é, para usarem e mostrarem a roupa que não podem pagar mas que outras, possivelmente menos "tias", pagarão depois de verem a roupinha numa qualquer aparição.
É assim o mundo de hoje. E dá alguma raiva, nos tempos difíceis que correm, que esta gente se vá safando. Em boa verdade nada fazem de mal, a não ser fingir ter mais do que têm, encenar um ambiente que é irreal e sacar umas coroas cuja única ilegalidade é fugirem ao Fisco, certamente porque "aparição" não consta de nenhuma profissão oficialmente catalogada.
Bem mais grave é o que se passa no mundo dos negócios. Se as "tias" aparecem, no mundo dos negócios há mil formas de cobrar. E a diferença é que muitas vezes se pisa o risco e a actividade torna-se ilegal. Um homem de negócios não faz - creio eu - aparições. Mas alguns dedicam-se a fazer apresentações, mediar encontros e achar-se no direito de cobrar por isso. Possivelmente com toda a legalidade do seu lado.
A história do tio de Sócrates, independentemente do que valha, vale por isso. Ser fulano ou beltrano, pouco importa, o que vale é ser tio ou primo de. Em Portugal a actividade de lóbi não está regulamentada. E era melhor que estivesse, porque tudo seria mais claro. Infelizmente, vivemos numa sociedade que é pouco transparente, que aceita apresentações e aparições, e que não raras vezes não premeia nem promove o mérito. Uma sociedade assim só pode caminhar a passos largos para a decadência, cavar cada vez mais fundo a distância entre os que muito têm e os que, trabalhando muito, não conseguem aparecer um degrauzinho mais acima.
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