O jantar era de amigos e estavam todos envergonhados. Todos menos eu, o único que tinha, pelos vistos, perdido o espectáculo "kitsch" do ano: o casamento de dois ex-sem-abrigo abrigados agora à dentífrica e eleitoral tutela presidencial (ou candidato-presidencial, eis a questão).
Autoflagelavam-se os convivas, interrompendo o desempenho gustativo, com os pormenores mais confrangedores do episódio quando lhes ocorreu que, afinal, aquele presidente (ou candidato a presidene) não era seu e, caindo em si e nos lombinhos de porco preto, deixaram-no entregue, ele que se governasse, ao "exquis" gosto do casamenteiro sucesso. Não sem - pois que a coisa decerto haverá de ficar para a posteridade - um piedoso "frères humains qui après nous vivez/ N'ayez les coeurs contre nous endurciz".
Sobrava, mais séria, a questão presidencial ou candidato-presidencial. E havia quem defendesse que, aproveitando-se o actual PREC (Processo de Revisão Em Curso), fosse incluída na Constituição a obrigatoriedade de suspensão do mandato de presidentes-candidatos de modo a garantir, se não a dignidade da função, ao menos a transparência das campanhas. E porque não antes a obrigação de os presidentes a votos se fazerem acompanhar de dois bonés, um com um "P" de Presidente, outro com um "C" de Candidato, que um assessor lhe fosse pondo na cabeça conforme as conveniências do que dissesse ou das figuras que fizesse?
Manuel António Pina
in JN – 23/12/2010
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