1
olhámos as mãos
as pedras
o silêncio
nada dissemos
porque já tudo havia sido dito
2
procurámos a ternura
nos beijos indecisos
nos corpos intactos
nas mãos desejadas
e restámos
simplesmente
como se nada
ou tudo
houvesse acontecido
como se o grito que ouvimos
nas letras dos jornais
fosse apenas um grito
nada mais
3
cobriram-nos de sonhos inúteis
e sobejámos
incompletos
de mãos vazias
serenos
como se nascesse impotência
das palavras que nos deram
como se as horas do dia
que dedicámos à poesia
se transformassem em flores
nos olhos daquela criança que morreu
que morreu impunemente
como morrem todas as crianças
4
demo-nos
unicamente
na singeleza das palavras
e infecundos
seguimos dias
as noites
os mêses
os anos
5
quisemos rodear os nossos gestos
da simplicidade das coisas
do nítido contorno das coisas
mas sentimo-nos sós
fechados
como baús
sem asas
sem pássaros derramados pelos lábios
sem mais outra esperança
do que a necessidade de sermos nós
6
deram-nos as palavras
só por dar
como se nos dessem a própria dor
e nós fôssemos mendigos de poesia
7
possuimos um sonho em nossas mãos
mas percorreram-nos as veias do silêncio
como se o mar não tocasse as proas dos navios
e na inutilidade que sentimos
nela nos transformámos
como se nos tivessem modelado à sua imagem
ou tivéssemos nascido de joelhos
Joaquim Manuel Pinto Serra
Noite alta, cinco da manhã, Chopin enche de sons a sala, E múltiplas emoções se desnudam, Tornando visível o que estava oculto. Imóvel, comovida, em êxtase e silêncio, Deixo elevar-se arrebatado, o coração. À memória vêm lembranças jamais esquecidas, E as feridas prestes a rebentar como que cicatrizam. Paira uma sensação de encanto e nostalgia E, suavemente, quase se sente Margarida Martins da Rocha
A mão de Deus pousar.
NELSON MANDELA
Cavaco Silva está de regresso ao “tabuleiro do xadrez político” e tem Ferreira Leite como “rainha”.
Santana Lopes
in Sol
O
completou 28 anos. Surgido em Maio de 1980, tem sobrevivido apesar das dificuldades, de vária indole, em especial financeira, sendo mantido, nos últimos dez anos, graças à carolice de Barroso da Fonte, seu Director, porque “os trovadores e poetas menores, não “intelectualizados” ou periféricos, têm o direito de sonhar e de ser felizes”.
Bem hajam e parabéns.
Adormeceu em mim um pássaro azul.
Toda a noite dormiu nos meus seios, silencioso.
A chuva gritava feroz na vidraça, O vento assobiava errante por
entre os penhascos.
Que alma de gente terás tu, meu lindo e sereno pássaro azul?
As tuas penas são tal e qual o sofrer de alguns seres humanos.
Em ti, esvoaço um sonho, semicerro o olhar.
Meu pássaro azul, não sei quem és!
Adormeceu em mim um pássaro azul.
Silencioso.
Meus dedos adormeceram de cansaço,
Meus seios de nenúfares desejados também.
Tudo em mim já adormeceu menos eu.
Eu que continuo a ouvir a melodia da chuva na vidraça, agora
mais calma,
Eu que continuo a embalar o meu pássaro azul,
Sem saber se ele é gente, ou se é efectivamente pássaro.
Enquanto vagueio no meu sonho, distante
Sinto meus dedos tocarem em pássaros até de outras cores,
Laranjas, vermelhos, amarelos, brancos...
Mas azul como aquele não,
Nem sequer em sonho.
Sinto que está ali,
No calor do meu peito,
Do meu coração.
Adormeceu em mim um pássaro azul.
Um pássaro de toda a gente e de ninguém como eu.
Adormeceu em mim.
Silencioso.
Nunca soube se teve alma de gente.
Sei que se aconchegou ao meu peito e, ao morrer, voou.
Célia Moura
Depois do “menino guerreiro”, música de Santana Lopes em campanha eleitoral, Sócrates foi agora apresentado, em livro, como o “menino de ouro” do PS. Este país está a transformar-se num verdadeiro infantário, é só meninos…pena é que demorem a resolver o caso Casa Pia.
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